segunda-feira, 5 de julho de 2010

Vectra GTx



Como a apresentação do Vectra GT demorava a começar, um executivo da GM resolveu puxar assunto: “Ainda não vi a última QUATRO RODAS, o que tem na capa?” Um comparativo de hatches médios, respondi. Abriu os olhos com mais interesse. É que o novo Focus chegou no fim do ano passado, e agora estão lançando o Citroën C4 e o Hyundai i30... “Ah, é mesmo?”
O Vectra hatch teve o motor 2.0 retrabalhado para poluir menos e atender à nova fase do Proconve. De quebra, passou de 128 para 140 cv. A cabine traz novos tecidos e mais porta-trecos. Por fora, trocaram o estilo da frente, borrachões laterais, rodas e retrovisores. Na traseira, mudou apenas o logotipo: a gravatinha cresceu e perdeu o aro cromado. O GPS de pendurar no para-brisa, que vinha de série no GT-X (e no sedã Elite), virou acessório. “O cliente desse carro dizia que já tinha um aparelho ou que conseguia comprar mais barato. Então tiramos”, diz o diretor de marketing Gustavo Colossi. O outro jeito de resolver o problema era pôr o mapa numa tela integrada ao console, como no Astra europeu. Mas ele só ganhou itens que a concorrência já tinha. Caso do novo rádio com entradas de áudio e cartão SD, mais Bluetooth. Não tem entrada USB, mas é uma boa evolução.
Mudaram borrachão, friso cromado na janela e, atrás, a gravatinha

Como o Vectra GT “Remix” traz as mesmas novidades do Vectra “Next Edition”, lançado um mês antes, a GM quis não se alongar no lado técnico. Preferiu mostrar um “brand tracking study”, pesquisa feita com consumidores, comparando oito hatches médios. O GT aparece à frente dos dois rivais mais fortes, Golf e Stilo, em itens como design, esportividade, conforto e tecnologia. Uma superioridade confortável, se o mundo fosse esse do estudo – com o Focus antigo, o C4 de duas portas e sem o i30. O problema de fazer carro olhando para os lados (e para trás) é que ele pode chegar defasado no dia do lançamento.
Contra os novos concorrentes, o Vectra GT-X é inferior em equipamentos, desempenho e acabamento. Mas digamos que você também não olha muito para os carros das outras marcas. Ou até olha, mas acha o Vectra hatch lindo (a gente concorda com seu bom gosto) e não quer saber de outro. Sem problemas. Mesmo não sendo o melhor de sua classe, o GT-X é bom o bastante para não decepcionar os fãs.


Mexeram no acerto de suspensão do GT-X. Ele já era justinho, com pneus 215/45 R17, e agora ficou pregado no chão. Fica um pouco desconfortável em ruas esburacadas, mas esse não é o objetivo dele. Quem quiser um carro mais versátil (e de comportamento mais genérico) pode procurar o modelo GT, com acerto mais manso. Na época do lançamento (setembro de 2007), o GT era uma versão de entrada, incompleta. Agora o airbag duplo é de série na versão básica (de 56 034 reais), e com mais 1 889 reais você tem freios a disco nas quatro rodas, ABS e sensor de chuva. O GT-X não é muito mais equipado: se você veio atrás dele, foi porque queria diversão. E terá Retrovisor, grade, frisos e rodas: um tapinha no GT


O motor 2.0 agora rende os mesmos 140 cv de um Honda Civic, mas a sensação é diferente: você pisa e o carro responde na hora (são 19,7 mkgf a 2 600 giros, enquanto no japonês são 17,7 mkgf a distantes 4 300 rpm). No primeiro instante, parece que temos um motor forte lá na frente e que o Vectra GT-X até faz jus a essa pintura azul Arian – bem parecida com a azul Arden oficial da OPC, divisão de alta performance da Opel alemã. Essa impressão será desfeita numa estrada aberta. Você verá que o motor GM não cresce muito além da estilingada inicial. No teste de 0 a 100 km/h, veio tímido: 11,2 segundos, igual ao Renault Symbol 1.6 16V da página 68. (A boa notícia é que o consumo do Vectra manual melhorou em relação ao antigo.) Verá também que a direção do Vectra GT-X tem respostas lentas e que um Focus, com suspensão mais confortável na cidade, é mais estável quando exigido a fundo. Mas no trajeto casa-trabalho- malhação-cursinho-barzinho, o GT-X é divertido. Para muita gente, isso basta.

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