Um
dos pesadelos da indústria automotiva é a deprimente imagem de montanhas de
pneus abandonados – no desenho Os
Simpsons, para piorar, eles ainda aparecem em chamas. Esta cena também é usada
por ambientalistas como prova irrefutável da péssima relação entre carros e
natureza. Uma forma das montadoras tentarem amenizar a má-fama foi passar a
exigir posturas ecologicamente corretas de seus fornecedores. Isso explica em
parte o esforço das fabricantes de pneus em adotar posturas mais defensáveis.
Como criar alternativas de produtos – um pouco mais – ecologicamente corretos.
Ou encontrar uma destinação apropriada para os pneus velhos, ao promover a
reciclagem. Atualmente, todas as fábricas de pneus instaladas no Brasil têm
parceria com a ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos – para o
Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus
Inservíveis.
Este programa, batizado de Reciclanip, foi
criado pela própria ANIP para promover a coleta e destinação correta dos pneus
inúteis. Em 2010, a entidade coletou 311.554 toneladas de pneus inservíveis, o
equivalente a 62 milhões de unidades de pneus de carros de passeio – em média,
cada pneu pesa 5 kg. Esse número representa nada menos que 92% dos 67,3 milhões
de pneus produzidos no Brasil pelas nove empresas associadas à ANIP – Michelin,
Pirelli, Goodyear, Bridgestone, Continental, Maggion, Rinaldi, Levorin e
Tortuga. “ Os fabricantes de pneus já investiram mais de US$ 124 milhões no
programa desde a sua criação, em 2007. Para este ano, a previsão é de US$ 41
milhões ”, contabiliza Cesar Faccio, coordenador da
Reciclanip.
Hoje o Reciclanip conta com 620 postos de
coleta no país. O pneu coletado é triturado e pode ser reaproveitado de diversas
formas. Algumas dessas utilizações, é verdade, são ainda bastante poluentes.
Como quando vira combustível em indústrias de cimento ou queimado nas caldeiras
de metalúrgicas. Outras são menos agressivas, como a fabricação de asfalto
ecológico ou de solados de sapato. De qualquer maneira, a situação mostra uma
nítida evolução em relação à década passada. O comum era descartar os pneus de
qualquer maneira. Hoje cada vez menos pneus acabam em rios, entupindo as redes
de esgoto ou formando grandes volumes nos aterros sanitários. “ Já se tem como encaminhar os pneus para a reciclagem, o
que contribui com meio ambiente ”, defende Roberto Falkenstein, diretor de
pesquisa e desenvolvimento da Pirelli. “ Há uma tendência de que os novos
produtos, de alguma forma, sejam menos agressivos à natureza ”, reforça Rui
Moreira, diretor de marketing da Goodyear.
Outra solução para os pneus inúteis são os
famosos remold: pneus remanufaturados feitos a partir das carcaças de pneus
usados. Fabricantes como a Pneuback, BS Colway, Colway Tyre e Vipal trabalham
com a remoldagem. Esta técnica permite a reutilização de pneus após receberem
uma nova camada de borracha através do processo de vulcanização, em que o pneu é
" assado " para fundir a carcaça antiga a uma nova banda de rodagem – os
produzidios para veículos pesados, inclusive, já preveem duas ou três
remoldagens. Segundo a ABIP – Associação Brasileira da Indústria de Pneus
Remoldados – a produção desses pneus utilizam 43% da energia, 55% do oxigênio,
4% da água e 71% da matéria-prima na comparação com o pneu tradicional.
“Trata-se, sem dúvida, de um mercado fundamental para a sustentabilidade do
setor de transporte”, valoriza Daniel Paludo, diretor geral da
Vipal.
Esta
queda nos custos de fabricação acabam se refletindo no preço final dos
remoldados – que chegam a custar até 40% do valor de um novo. Só que, no caso de
pneus em que a remoldagem não é prevista, a durabilidade é bem menor que a de um
pneu novo. Segundo as fabricantes, pneus remoldados de carros de passeio têm
vida útil cerca de 30% menor e desempenho inferior. “ Estes pneus mais baratos
em alguns casos chegam a durar metade do que duraria um pneu novo ”, alerta
Renato Silva, gerente de marketing de produtos da Michelin. “ Os pneus de
veículos de passeio não foram feitos para rodar várias “vidas”, e sim uma só ”,
reforça José Carlos Quadrelli, gerente de engenharia de vendas da
Bridgestone.
Instantâneas
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A pressão 30% abaixo da indicada aumenta o consumo de combustível em 2,5%. E uma
diferença de pressão de 25%, para cima ou para baixo, pode reduzir a vida útil
do pneu à metade.
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Segundo a Continental, se toda a frota do Brasil, de aproximadamente 30 milhões
de veículos, usasse pneus de baixa resistência, seriam economizados cerca de 600
milhões de litros de combustível por ano.
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De acordo com a Vipal, cada pneu reformado representa uma economia de 57 litros
de petróleo.
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A ANIP prevê crescimento de 5% para o setor de pneumáticos em 2011.
Fonte: Motor Dream